Costuma-se dizer, e com razão, a partir de seus álbuns dos anos 70 (seus únicos), que o mestre Cartola revelou-se o melhor intérprete dele próprio. Pois aqui está o agora onipresente Cartola a desafiar minha tese de que não há homens que cantam tanto quanto mulheres. Ouvindo o mangueirense neste computador, eu agora deveria estar escrevendo sobre outras coisas. Tenho compromissos a cumprir, mas como não vir aqui ao blog pra falar do Cartola? No filme, que ainda deve estar em cartaz, há pelo menos duas cenas em que não dá pra segurar o rojão e a gente lembra que é ser humano, mortal. Em uma delas, o mestre ao violão cantando "O mundo é um moinho" para o pai, num momento da vida que era de tropeço, de puro revés --torço tanto para eu estar enganado, e para que tenha sido um momento feliz! Em outra, planos do cotidiano carioca e do adeus servem de clip para a gravação de "O inverno do meu tempo". As imagens parecem um caleidoscópio através da água nos olhos, porque, citando Vinícius e Toquinho, "você pode estar certo que vai chorar".
sábado, 26 de maio de 2007
Cartola
Um bom filme reacendeu... reacendeu, não, pois nunca se apagou... Vejamos. Um bom filme trouxe de volta o foco a um amor incondicional e até desmedido pela obra de Cartola.
domingo, 6 de maio de 2007
Virada, Virada, Virada!
É uma pena que não tenho tido tempo para atualizar este blog. Nem escrevi sobre a ida ao Rio para a distribuição da revista Paisà, que trata de cinema, e das epopéias maracanosas.
Mas a Virada Cultural em Sampa não vai dar pra passar em branco. Passei pelo Palco Rock perto das sete da noite para ver a segunda metade da apresentação de Percy (ex-Made, Patrulha, Harppia...). A banda, que tem um guitarrista bem anos 80, traz um novo vigor nos arranjos de hits underground do rock Brasil.
Depois de um lanche fui para a fila da atração que eu mais esperava: João Donato no Theatro Municipal às nove da noite. Teoricamente ele iria tocar o álbum A Bad Donato, de 1970, mas transcendeu. Na banda, feríssimas como Robertinho Silva, o batera que toca sorrindo o tempo todo --e que monstro de músico!--, e o trombonista Bocato. Redenção pura que valeu a hora de espera na fila, facilitada pelo encontro com a turma dos cinéfilos malucos, tudo gente da melhor qualidade. Após a surra de Donato e companhia, fomos ao Mercadão Municipal comer. Meu sanduíche de pernil veio com uma aparência de que iria desbancar o do Estadão, mas comeu poeira na disputa, o que constatei após algumas mordidas. Bom de qualquer forma; e o chopp, corretíssimo, cremoso e tudo.
Caminhávamos para sair do Mercadão e, sensacional! O evento mais inusitado da noite: Por causa da Virada o Mercado ficou aberto até altas horas (por isso estávamos lá), tendo inclusive um espetáculo de tango, básico demais. A caminho da saída desse grande centro turístico e gastronômico paulistano, um dos bares ostentava uma TV de plasma widescreen, que como de praxe estava na configuração errada distorcendo a imagem, e o pessoal nem percebe (!). Até aqui eu não disse que o público no lugar incluía famílias inteiras, casais com crianças, vários idosos e tal, programão família, mesmo a essa altura já sendo meia-noite e quarenta. Pois a tal TV de plasma mostrava enorme o programa Sexytime, da TV a cabo, para todo o corredor em que estava aquele bar. Simplesmente estava ligada naquele canal e continuou, e a mulher em seu strip-tease, toda se passando as mãos e... por Júpiter! Já me estendi mais nessa bizarrice do que no showZAÇO do Donato. É que eu ri tanto...
Volta ao Theatro Municipal, volta à fila, desta vez uma hora e meia antes do início do show de Jards Macalé. Pois Jards veio ao palco às três da manhã com ele próprio ao violão, só Arismar do Espírito Santo no baixo, Nenê na bateria e Lanny Gordin na guitarra. Todos eles são monstros e disso eu já sabia, é claro, mas não vou tentar em vão descrever o que aconteceu naquele palco. Só sei que não esquecerei.
Corre para o Palco Rock, a uns duzentos metros dali, que está começando o show do Golpe de Estado. Aí já são 4h25 da manhã. O show não foi longo, mas muito bom! Com o velho Golpão não tem erro, e seguraram a brava bronca de ter que me agradar, por terem que tocar depois de eu ter visto e ouvido alguns dos melhores músicos que vi e verei na vida. Após esse, não corri e não deu tempo de pegar a fila a ponto de entrar novamente no Municipal para o show das seis da manhã da Central Scrutinizer Band (Zappa cover), tocando ao vivo o álbum Overnite Sensation. Paciência. Vi um trecho da perfórmance no telão em frente e, despedindo-me dos cinéfilos, fui para casa andando na direção de um sol nascente maravilhoso, pra dormir de dia, que de sono também se vive.
Mas a Virada Cultural em Sampa não vai dar pra passar em branco. Passei pelo Palco Rock perto das sete da noite para ver a segunda metade da apresentação de Percy (ex-Made, Patrulha, Harppia...). A banda, que tem um guitarrista bem anos 80, traz um novo vigor nos arranjos de hits underground do rock Brasil.
Depois de um lanche fui para a fila da atração que eu mais esperava: João Donato no Theatro Municipal às nove da noite. Teoricamente ele iria tocar o álbum A Bad Donato, de 1970, mas transcendeu. Na banda, feríssimas como Robertinho Silva, o batera que toca sorrindo o tempo todo --e que monstro de músico!--, e o trombonista Bocato. Redenção pura que valeu a hora de espera na fila, facilitada pelo encontro com a turma dos cinéfilos malucos, tudo gente da melhor qualidade. Após a surra de Donato e companhia, fomos ao Mercadão Municipal comer. Meu sanduíche de pernil veio com uma aparência de que iria desbancar o do Estadão, mas comeu poeira na disputa, o que constatei após algumas mordidas. Bom de qualquer forma; e o chopp, corretíssimo, cremoso e tudo.
Caminhávamos para sair do Mercadão e, sensacional! O evento mais inusitado da noite: Por causa da Virada o Mercado ficou aberto até altas horas (por isso estávamos lá), tendo inclusive um espetáculo de tango, básico demais. A caminho da saída desse grande centro turístico e gastronômico paulistano, um dos bares ostentava uma TV de plasma widescreen, que como de praxe estava na configuração errada distorcendo a imagem, e o pessoal nem percebe (!). Até aqui eu não disse que o público no lugar incluía famílias inteiras, casais com crianças, vários idosos e tal, programão família, mesmo a essa altura já sendo meia-noite e quarenta. Pois a tal TV de plasma mostrava enorme o programa Sexytime, da TV a cabo, para todo o corredor em que estava aquele bar. Simplesmente estava ligada naquele canal e continuou, e a mulher em seu strip-tease, toda se passando as mãos e... por Júpiter! Já me estendi mais nessa bizarrice do que no showZAÇO do Donato. É que eu ri tanto...
Volta ao Theatro Municipal, volta à fila, desta vez uma hora e meia antes do início do show de Jards Macalé. Pois Jards veio ao palco às três da manhã com ele próprio ao violão, só Arismar do Espírito Santo no baixo, Nenê na bateria e Lanny Gordin na guitarra. Todos eles são monstros e disso eu já sabia, é claro, mas não vou tentar em vão descrever o que aconteceu naquele palco. Só sei que não esquecerei.
Corre para o Palco Rock, a uns duzentos metros dali, que está começando o show do Golpe de Estado. Aí já são 4h25 da manhã. O show não foi longo, mas muito bom! Com o velho Golpão não tem erro, e seguraram a brava bronca de ter que me agradar, por terem que tocar depois de eu ter visto e ouvido alguns dos melhores músicos que vi e verei na vida. Após esse, não corri e não deu tempo de pegar a fila a ponto de entrar novamente no Municipal para o show das seis da manhã da Central Scrutinizer Band (Zappa cover), tocando ao vivo o álbum Overnite Sensation. Paciência. Vi um trecho da perfórmance no telão em frente e, despedindo-me dos cinéfilos, fui para casa andando na direção de um sol nascente maravilhoso, pra dormir de dia, que de sono também se vive.
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